segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Para Refletir!
“O que acontece no meio” de Martha Medeiros
“Vida é o que existe entre o nascimento e a morte”. O que acontece no meio é o que importa.
No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.
Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.
No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.
Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.
No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.
Que adultos se divertem mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.
No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.
No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais. Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade. E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.”
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Atravessando 2013 para 2014
Mais um ano teremos em breve para atravessar: muitas coisas vamos levar; outras, precisamos deixar. Não vamos levar, ou não devemos levar, porque já não tem a forma do nosso corpo, já não fazem sentido para nós. Talvez sejam coisas que nos levam sempre aos mesmos lugares e impedem o ir além. E devemos carregar e fortalecer aquilo que realmente faz sentido para cada um, o que nos coloca em movimento e ajuda a realizar a melhor versão de nós mesmos. Importante para quem quer movimento. Todos nós queremos? Será? Não é uma tarefa fácil, exige trabalho, mas nos faz desdobrar, integrar, esta por inteiro na vida, nas relações de forma saudável mesmo com os limites e dificuldades.
Nessa passagem que leva a reflexões e questionamentos, podemos ser tomados por dois pensamentos que nos colocam em xeque o apego ao velho e o medo, a preocupação (pré – ocupar) com o novo. Pergunto: o que nos leva a não passarmos pelas coisas, a não pensarmos na travessia? Será que acomodamos em excesso ao velho e não abrimos para o novo? Ser humano não pensa em travessia, não queremos passar pelas coisas, queremos é chegar ou acomodar no velho. Porque será?
Nesse artigo, quero, portanto refletir com vocês a travessia para o próximo ano: o caminho de 2013 para 2014. E, assim, pensarmos nas coisas boas que o novo reserva, nas alegrias que podem vir, com o conseqüente desapego ao medo, à preocupação, ao desconhecido que um ano que está para começar nos reserva. Mas já vou logo dizendo: não espere que as coisas mudem simplesmente porque um novo ano está chegando. A mudança esta em cada um de nós!Vamos ser a mudança que queremos ver, não espere pela mudança dos outros.Quer um ano melhor? Não espere por ninguém. Tenha coragem para construir o seu caminho e fazer a sua travessia.
Mas pra que falar de ano novo? O ano continuará tendo a mesma quantidade de dias, o dia continuará tendo 24 horas, a noite e o dia vão se alternar, além de dias quentes e frios...Tudo igual. O novo será cada um de nós. As soluções que vamos arrumar, assim como os problemas. O ponto de vista diante de uma situação. Como continuaremos numa relação. O que vamos fazer de melhor e como iremos lidar com os desentendimentos seja nas relações, trabalho e com a gente mesmo. Apenas essas coisas podem mudar. E, portanto, para a travessia para o ano novo o que mais precisamos é coragem. E não uma coragem comum, mas extraordinária. E o mundo esta cheio de covardes; por isso as pessoas param de crescer, ir além e movimentar.
Como se pode crescer sendo covarde? A cada nova oportunidade você recua, fecha os olhos? Que movimento fez no ano de 2013? Como poderá ser melhor em 2014?
“A entrada para o novo é a única coisa capaz de transformar você; não há outro meio de transformação. Se você deixar que o novo entre, você nunca mais será o mesmo” Autor Desconhecido
Desejo a todos vocês uma maravilhosa travessia para 2014, com um caminho cheio de coragem, responsabilidade, paz, movimentos, planos reais, amor e saúde. O caminho é nosso. Nós somos autores da travessia que queremos construir. Agradeço a vocês, clientes, colegas de trabalho, leitores e mestres que atravessaram comigo este ano de 2013. Que venham novas travessias!
Texto: Camila Lobato
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Assumir um papel ativo no processo do vir a ser
Lilian Graziano
Recentemente
surpreendi a mim mesma lendo uma matéria sobre uma jogadora de futebol (logo
eu, que não tenho nenhuma afinidade com esse esporte!). Na verdade, não se
tratava de uma jogadora qualquer, mas de uma brasileira que foi reconhecida
pela quinta vez como a melhor jogadora do mundo. Talento futebolístico a parte,
confesso que a história me inspirou. O curioso que a fonte de inspiração veio
muito mais da pessoa do que da atleta (que pesem seus méritos como tal).
Nascida em uma cidade com menos de 15 mil habitantes, localizada no sertão
alagoano, essa mulher não chegou a completar o ensino fundamental. Entretanto,
hoje fala espanhol, inglês e... sueco, língua em que é capaz de se comunicar
também pela escrita, em função de ter jogado cinco anos na Suécia.
“Ah, bom...” – diriam os mais
cínicos - “a atleta fala sueco porque morou na Suécia!” Como se aproveitar das
oportunidades e desafios para o próprio crescimento pessoal fosse
característica de todos os seres humanos. Lembro-lhe, caro leitor, que se assim
o fosse, não teríamos Presidentes da República que depois de oito anos no poder,
não são capazes de falar uma palavra sequer em inglês! Mas essa já é outra
conversa...
Além das diferentes línguas, a atleta
diz também ter aprendido desde a cultura dos países em que viveu até a postura
necessária para falar em
público. E o mais interessante: orgulha-se de ter aprendido
tudo sozinha. Atualmente, estava aprendendo a tocar violão. Pela internet.
Apesar disso, ela não nega a
importância das outras pessoas no seu crescimento pessoal. Ao contrário, diz
perceber que “o mundo a tem educado”.
Pessoas como essa fazem mais do que
deixar que a vida as transforme. Dedicam suas vidas para provocar essas
mudanças. Querem ser melhores. Mas muito antes de competirem com os outros,
elas almejam tornar-se a melhor versão de si mesmas. Não seria esse um traço de
saúde mental? Poderia haver uma característica humana mais essencial?
Durante meus anos de prática
clínica, tenho recebido pessoas com diferentes níveis de sofrimento pessoal –
algumas delas com níveis bastante altos. Porém, a experiência me mostrou que o
montante de sofrimento não é o melhor indicativo de prognóstico do paciente. Ou
seja, não é verdade que os que vivem um sofrimento mais profundo demorarão mais
a se recuperar do que aqueles que experimentaram um sofrimento moderado.
A característica que faz com que as
pessoas se recuperem mais rapidamente é o que chamamos em Psicologia Positiva
de “iniciativa para o crescimento pessoal”, que nada mais é do que essa
predisposição para nos tornarmos pessoas melhores.
Nesse sentido, talvez devêssemos
parar de ensinar aos nossos filhos a competir com os outros, mostrando-lhes que
a única batalha que importa é aquela que travamos com nosso próprio eu e que,
exatamente por isso, nos leva à superação. Afinal, é sempre bom lembrarmos que
de nada adianta ser uma metamorfose ambulante quando não se sabe para onde ela
caminha.
Fonte: Revista Psique
– março / 2011.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
TERAPIA FAMILIAR E AUTISMO
TERAPIA
FAMILIAR E AUTISMO
A
Terapia Familiar visa proporcionar a ampliação da realidade,
através de um olhar para além do adoecimento. O terapeuta busca
estar atento aos diversos detalhes que abrangem a doença e não
apenas focar no sintoma apresentado pelo paciente, mas no contexto em
que ele se apresenta, como por exemplo: as
historias familiares, individuais, aspectos culturais,
socioeconômicos e demais variáveis envolvidas no problema
apresentado.
O
objetivo do processo terapêutico não é necessariamente a cura dos
sintomas apresentados, mas a ampliação do olhar sobre determinada
situação no sentido de ajudar o cliente a encontrar maneiras mais
saudáveis de enfrentar condições que exigem das pessoas um
investimento emocional intenso.
Hoje,
os pais e demais membros familiares, são vistos e reconhecidos como
imprescindíveis no tratamento. Os profissionais focados no
acompanhamento
familiar
passaram a perceber que os resultados no atendimento a família
são
surpreendentes. A partir desta constatação, a família passou a ser
reconhecida como ponto principal e primordial de mudança. “A
tendência de culpar os pais, em especial a mãe, por problemas na
família foi um erro de direção evolutivo que continua a rondar o
campo.” (NICHOLS,2007, p.3).
E
foi isto que aconteceu em relação ao autismo. Na própria teoria de
Kanner,autoridade sobre o assunto, este autor passou por dois
momentos: um em que considerava os pais responsáveis pela condição
do autismo do filho (1943) e outro (1957) em que reformula esta
afirmação e reconsidera o autismo, dizendo ser apenas de uma
condição fisiológica e não mais afetiva.
A
terapia familiar acredita que o que mantém as pessoas paralisadas é
a sua grande dificuldade de enxergar a própria participação nos
problemas que as atormentam, não se
atendo
aos seus padrões de comportamento.
O
interesse pela família enquanto agente principal no processo de
melhora e tratamento do sujeito, saindo da vertente de
culpabilização, surge em sintonia com o aparecimento dos pioneiros
da terapia de família que tiveram uma maior diligência no contexto
das pessoas e suas relações.
Podemos
considerar que o diagnóstico de autismo
leva os familiares a enfrentar uma série de questões relacionadas
ao convívio com a síndrome, a reação da família dado o
diagnóstico dependerá do seu padrão próprio de enfrentar
situações de crise. Se a família lida com a doença como uma
ameaça, poderá ter como consequência emocional o aumento da
ansiedade e angústia. Já a compreensão da situação como uma
perda poderá levar à depressão. Porém a situação vista como
desafio, ocasionará uma ansiedade positiva rumo à esperança e
ação.
Desse
modo, a vida do ser humano se passa em família e em grupo, uma vez
que somos ser social. É nessa experiência que sentimos a vida e é
através dela que encontramos sentido para continuar seguindo e
construindo histórias. A experiência familiar nos permite crescer e
avançar rumo ao amadurecimento pessoal e do grupo, sendo a família
local de aprendizado. A partir da compreensão da história e padrões
familiares é possível libertar de crenças enraizadas e construir
um novo caminho.
A
família autista, independente do desafio em relação ao Transtorno
do Espectro Autista, apresenta um percurso de vida a ser seguido, no
qual os ciclos vitais se farão presentes e cada membro familiar terá
de cuidar desses momentos de forma que continuem, na medida do
possível, a vivenciá-los de forma natural.
O
curso da vida não cessa, apesar das limitações e realidade
diferenciada vivida pelo autista e sua família, é importante que
os membros não cristalizem seus papéis ao enfrentar as situações
que a síndrome impõe.
O
acolhimento pelo terapeuta, em termos de escuta diferenciada á
família do autista, ressalta a importância da coparticipação
desses atores no processo de emancipação de todos os membros. A
família hoje é vista como ferramenta de apoio e desenvolvimento do
autista.
Os
terapeutas familiares têm como foco a interação humana. Nesse
sentido o aprendizado mútuo se faz presente nessa troca –
familiares, autistas e profissionais – e é nessa dança
interacional que novas possibilidades de atuação se apresentam e
permitem o crescimento de mentalidades e o desabrochar de vidas.
Nádila
Walter
Terapeuta
Familiar
Pesquisadora
do Autismo e as Relações Familiares
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
REFLEXÃO...
"Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.
Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.
Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.
Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,
mas deixai
cada um de vós estar sozinho.
Assim como as cordas da lira
são separadas e,
no entanto,
vibram na mesma harmonia.
Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.
E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.
Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.
E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro."
Autor: Kahlil Gibran
(Do Livro “O Profeta”)
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Informativo
Informamos que devido a uma nova oportunidade de aperfeiçoamento, a nossa amiga e parceira,
Izadora Nogueira Fonte Boa, neuropsicóloga, deixa no momento a colaboração com o NASS.
Desejamos muito sucesso, aprendizagens e desenvolvimento, com a gratidão pela disponibilidade e
atenção dedicadas ao projeto.
Síndrome de Irlen
A Psicopedagoga parceira do NASS também é Screener da Síndrome de Irlen. Não sabe o que é isso? Entre no link abaixo e saiba um pouco mais sobre esse distúrbio que afeta aproximadamente 12 a 14% da população geral. O site explica o que é, sintomas mais frequentes, formas de tratamento etc. Vale a pena conferir!
http://dislexiadeleitura.com.br/cv-profissionais3.php?busca=Juliana+Marotta+Capanema&consulta_refinada=nome&profissional=profissionalPessoal
Juliana Marotta Capanema
Pedagoga - Psicopedagoga
(31) 9701-0728
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
DICA DE LEITURA
O livro
“O Arroz de Palma” de Francisco Azevedo é um romance com história sobre os
laços de família, pessoas e vidas e narra a saga de uma família de imigração
portuguesa em busca de um futuro melhor superando todas as dificuldades.
É um
livro que tem humor e muitos ensinamentos dando um sabor a mais à história do
arroz. Esse arroz mágico, ao ser ingerido, provoca felicidade e fertilidade.
O arroz
acompanha as gerações familiares e os acontecimentos em uma família: casamentos, brigas, separações, comemorações,
desentendimentos, nascimentos, intrigas, diferentes opções sexuais, mortes. Tudo que uma família tem direito! O autor tempera e dosa
as palavras com uma poesia deliciosa.
É um
livro para ler com alma, para saborear e guardar com carinho. É um poema de
vida!
Este
livro se indica de amigo para outro, para um paciente e para toda a família.
Fica a
dica e um trecho do livro:
“Família
é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um
problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da
panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência.”
Ana Tereza
Veloso Costa
Psicoterapeuta
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Co-dependência... O que é isso?
Com certeza você já
ouviu falar em dependência. E existem várias: dependência química, alcoólica,
financeira, física e emocional são alguns exemplos. E em co-dependência? É um
termo novo para você? Pois saiba que é muito comum nos dias de hoje
encontrarmos pessoas que são co-dependentes e não sabem que são!
Sabemos das
dificuldades enfrentadas em cada situação de dependência e de como tais
problemas afetam a dinâmica familiar. É justamente na família que, na maioria
das vezes, surge o papel do co-dependente. Aquela pessoa que é muito preocupada
e se mobiliza exageradamente, movendo todas as suas forças para ajudar o
dependente. Faz de tudo para ajudar, muitas vezes faz até o que nunca fez por
si própria. Fala mais sim do que não por temer ferir os sentimentos
alheios.
Num primeiro momento,
esse comportamento não aparenta ter nenhuma anormalidade. Mas é justamente a
frequência com que essa ajuda acontece que se torna patológico, na medida em
que a pessoa que se relaciona com o dependente tende a se achar o “salvador”, investindo
todas as suas energias em prol do dependente, na expectativa que poderá tira-lo
desse lugar.
O co-dependente tende a
controlar o outro, com suas ajudas generosas, acaba por tomar atitudes muitas
vezes intrusivas. Aparentemente o co-dependente demonstra que seu objetivo é
apenas ajudar, mas é como se ele acabasse por se viciar na dependência do
outro.
Acabam viciados na vida
alheia e perdem a capacidade de cuidar da própria vida, pois viram experts em dar: dar amor, atenção,
carinho, ajuda, orientação. Porém a ilusão de se sentir expert no assunto de ajudar o próximo, leva à dificuldade de
encarar a realidade dos fatos, onde ambos, dependente e co-dependente,
necessitam de cuidados. Uma vez que o que está em jogo não é a patologia e sim
a relação que sustenta esses dois lugares. Ou seja, a co-dependência acontece
quando as pessoas que se relacionam com o dependente acabam reforçando sua
condição, na tentativa de ajuda-lo, reforçam a relação entre quem depende e quem
cuida, não permitindo a emancipação de ambas as partes.
Como consequência dessa
busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo
o domínio sobre seu próprio comportamento. Dessa forma, o co-dependente é
também um dependente, não necessariamente da dependência do seu ente protegido,
mas uma dependência emocional. Na verdade há uma troca de lugar, pois é
justamente a dependência do próximo que dará sentido à sua vida como salvador
da situação.
Em geral, a pessoa co-dependente,
apresenta baixa autoestima e tem origem em famílias disfuncionais, que são
famílias onde há muitos conflitos, em um grau elevado, e comumente os problemas
estão relacionados com violência doméstica, abuso de álcool e drogas, doenças
mentais e outros tipos de conflitos, contexto esse que favorece o aparecimento
da fragilidade emocional. Deslocam para o outro, o foco que deveriam dar para
si mesmo. E depois se cobram e sentem-se desvalorizado, ao perceber que não
teve sucesso nas tentativas de cuidado e/ou ajuda.
É importante dizer que
manifestações de apoio, compreensão e ajuda são muito úteis e importantes para
o funcionamento da família, estes, só se tornam problemáticos quando causam
grande sofrimento aos envolvidos e não ajudam a resolver o comportamento
patológico do dependente.
E como sair dessa
situação?
O primeiro passo é
fazer uma autoanálise e responder se você está cuidando bem de você mesmo ou se
está ocupando-se mais da vida do outro do que da sua. Ao fazer essa viagem
interior, questione-se se à sua volta existem pessoas dependentes e como é o
seu relacionamento com elas. Em caso afirmativo para sua reflexão, busque
ajuda, procure uma psicoterapia para responsabilizar-se. Segundo a autora
Melody Beattie, em seu livro Co-dependência nunca mais: “A sua codependência se
torna o seu problema e resolver os seus problemas é a sua responsabilidade.”
Fernanda Baldi
Psicóloga do NASS
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Documentário Todos com Todos
Comentário de Janine Araujo
O documentário acima, Todos com Todos, realizado pela Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo, trata da importância da inclusão nas escolas públicas e privadas. Além de ser uma excelente reflexão, com um dos enfoques no fato de este trabalho não se encontrar jamais pronto e completo, mas constituir em um esforço contínuo de aprendizagem entre escola e famílias, também permite pensar se realmente incluímos aquilo que nos é diferente. Podemos ficar, portanto, com a questão de como lidamos quando nos deparamos com a diversidade de ideias, ideais, concepções, verdades, limites singulares de cada pessoa, modos de perceber, enfim.
A partir do momento que nascemos, estamos inseridos em um determinado contexto, uma tradição deixada e uma forma de se pensar a vida – encontramo-nos dentro de um sistema de crenças que serve de orientação e estruturação, mas que deve também possibilitar a interrogação. No entanto, como seres humanos, sempre partimos com nossos pré-conceitos diante de algum acontecimento, sujeitos a aceitarmos verdades absolutas quando são apenas relativas. Ao deparamos com algo que nos causa estranheza, acostumamos repelir ou normalizar para ser encaixado forçosamente naquilo que temos pronto. Assim, não precisamos nos esforçar para um pensamento realmente construído, ou seja, não fazemos uma balança daquilo que possuíamos como posto com o que está sendo proposto. Daí surgem as disputas, conflitos e concepções fundamentalistas, com aceitação somente daquilo que nos é familiar e uma recusa total e absoluta de um oposto.
Quanto mais diversidade lidarmos, mais rico pode ficar nosso sistema de crenças e valores, desde que devidamente pensado naquilo que tem sentido particular para cada um. A inclusão pode enfim de tornar real: por mais que algo nos seja diferente, não ficamos em uma tentativa vã de aparar arestas ou tentar edificar aquilo que falta para encaixar no que padronizamos; tampouco rejeitamos ou negamos a diferença, mas simplesmente acolhemos, respeitamos e damos seguimento naquilo que deve caminhar a humanidade – em uma construção de sentido para um mundo tão diverso quanto comum, sempre com a atenção ao contraste tênue entre o limite e as potencialidades individuais.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Casar - se de novo
Meus amigos separados não cansam de me perguntar como consegui ficar casado 30 anos com a mesma mulher.
As
mulheres sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha
esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela
consegue ficar casada comigo. Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.
Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário.
Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:
Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade.
Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher.
Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu.
O segredo do casamento não é a harmonia eterna.
Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.
O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo.
Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal.
De tempos em tempos, é preciso renovar a relação.
De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido.
Há quanto tempo vocês não saem para dançar?
Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial?
Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?
Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois do casamento.
Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo?
Faça de conta que você está de caso novo.
Se
fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares
novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu
guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem.
Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.
Vamos
ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido por
trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com
as mesmas piadas.
Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando
chata e mofada, é você, são seus próprios móveis com a mesma desbotada
decoração.
Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação.
Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos.
Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso.
Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar.
Isso
obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se
recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um
casamento.
Mas se você se separar sua nova esposa vai querer novos
filhos, novos móveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos
do casamento anterior.
Não existe essa tal 'estabilidade do casamento' nem ela deveria ser almejada.
O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.
A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma 'relação estável', mas saber mudar junto.
Todo
cônjuge precisa evoluir estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas
que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento.
Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família?
É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.
Portanto
descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vez de
sair por aí tentando descobrir um novo interessante par.
Tenho
certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem
juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos
apesar das desavenças.
Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por
isso de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo
sempre com o mesmo par.
Stephen Kanitz
domingo, 29 de setembro de 2013
Síndrome do Ninho Vazio
Julia Bax/UOL
Síndrome
do ninho vazio - Como superar a saudade quando os filhos saem de casa.
Os filhos crescem, amadurecem, tornam-se independentes, seguem seu
caminho e tomam a decisão de morarem sozinhos. Sabemos que esse é o rumo
natural da vida, mas mesmo sabendo disso é difícil para os pais superarem essa
falta.
A melancolia nesses momentos é perfeitamente normal desde que se
tenha em mente que ela não é definitiva. Os sintomas de tristeza, depressão,
saudade, caracterizam essa síndrome que atinge as mães e até mesmo os pais
quando os filhos batem as asas e saem de casa. A partir desse momento, as mães
se deparam com o sentimento de inutilidade por não desempenharem mais o papel
ao qual estavam acostumadas. Geralmente, isso ocorre com mulheres que não
desenvolveram outros papéis e que ficaram focadas só na maternidade. Um dos
aspectos relevantes dessa síndrome se volta para o relacionamento conjugal. Com
a saída dos filhos é maior a convivência entre marido e mulher. O casal começa
a re-conhecer um ao outro e a re-aprender a viver juntos e sozinhos. Este é um
momento de recomeço.
A síndrome do ninho vazio possui hora certa para ser findada,
sendo que sua duração se estende do instante de separação dos filhos até o
estabelecimento de uma nova ordem familiar. A personalidade de cada indivíduo
também influencia no modo como a separação é encarada, sendo que indivíduos
mais dramáticos sofrem mais.
Embora já seja certo que esta separação irá ocorrer, ninguém está
preparado de fato para ela.
Para que a vida torne a ter sentido é necessário que as mães, na
sua maioria, busquem outras atividades, aproveitando o tempo livre: academias,
caminhadas, grupo de danças, formar grupos de amigas, artesanato, informática,
atividades profissionais, cursos, ou outros programas como almoçar e jantar
fora, uma viagem, um passeio, receber amigos para um jogo de cartas. Estas são
algumas sugestões. Há muitas coisas a serem feitas, com ou sem dinheiro e
independente da idade. Basta ter imaginação e também boa vontade.
Caso nada disse funcione, é necessário procurar um especialista,
pois não há nada de mais em se preocupar com o próprio bem estar. Bem estar
implica também em boa saúde. O importante é não se deixar consumir pela
tristeza, por mais difícil que pareça, a síndrome do ninho vazio uma hora
acaba. Com a ajuda de um especialista, pode-se compreender melhor o momento vivido
e caminhar em direção a novos aprendizados, conquistando maior bem-estar.
Ana Tereza Veloso Costa
Psicoterapeuta de
Família
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Novidade no NASS!
O NASS estabeleceu parceria com duas
profissionais na área da aprendizagem:
Izadora Nogueira Fonte Boa, NEUROPSICÓLOGA,
CRP 04/36298 e
Juliana Marotta Capanema, PSICOPEDAGOGA e
SCREENER DA SÍNDROME DE IRLEN.
O objetivo é facilitar o
atendimento das pessoas nesses campos específicos de atuação e ampliar cada vez mais a proposta do NASS para um atendimento acessível e de qualidade.
Agradecemos a disponibilidade e comprometimento das profissionais, com a certeza de que a parceria irá trazer a todos um trabalho cada vez melhor!
sábado, 21 de setembro de 2013
Se é bom ou se é mau
Rubem Alves
Um homem muito
rico, ao morrer, deixou suas terras para os seus filhos. Todos eles receberam
terras férteis, com exceção do mais novo, para quem sobrou um charco inútil
para a agricultura.
Seus amigos se entristeceram com
isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só
lhes disse uma coisa: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”.
No ano seguinte, uma seca terrível
se abateu sobre o país e as terras dos seus irmãos foram devastadas: as fontes
secaram, os pastos ficaram esturricados, o gado morreu. Mas o charco do irmão
mais novo se transformou num oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um
lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa
porque coisa tão maravilhosa lhe tinha acontecido. Mas dele só ouviram uma
coisa: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”.
No dia seguinte, seu cavalo de raça
fugiu e foi grande a tristeza. Seus amigos vieram e lamentaram o acontecido.
Mas o que o homem lhes disse foi: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”.
Passados sete dias, o cavalo voltou trazendo consigo dez lindos cavalos
selvagens.
Vieram os amigos para celebrar esta
nova riqueza, mas ouviram as palavras de sempre: “Se é bom ou se é mau, só o
futuro dirá”. No dia seguinte, o seu filho, sem juízo, montou um cavalo
selvagem. O cavalo corcoveou e o lançou longe. O moço quebrou a perna.
Voltaram
os amigos para lamentar a desgraça. “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”, o
pai repetiu. Passados poucos dias, vieram os soldados do rei para levar os
jovens para a guerra. Todos os moços tiveram de partir; menos o seu filho de
perna quebrada. Os amigos se alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só
disse uma coisa: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá..."
Assim
termina essa história, sem um fim, como a vida. Enquanto a morte não nos tocar,
pois só ela é definitiva, a sabedoria nos diz que vivemos sempre à mercê do
imprevisível dos acidentes. “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”.
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