terça-feira, 23 de agosto de 2011

Casamento e Conjugalidade


Há quem diga que a instituição casamento está caindo em desuso, pois é cada vez mais comum as pessoas casarem e logo após um curto período de convívio, divorciarem-se.
Atualmente, o que se pode observar é que os cônjuges projetam entre si a expectativa de felicidade e completude, e delegam ao parceiro o anseio de suprir seus desejos e necessidades de amor, união, respeito, formação de uma família, entre outros. Há uma idealização da relação. Ocorre que muitos casais separam-se logo no início do casamento, pois não conseguem acostumar-se à nova fase, seja por não conseguirem desligar-se da sua família de origem ou por não conseguirem se identificar e se adaptar ao novo contexto a que foram submetidos. Isso acontece na maioria das vezes, como ressalta Carter e McGoldrick (1995), pelo alto grau de desilusão e desapontamento mútuo que corresponde ao grau de idealização do relacionamento no namoro.
É importante ressaltar que quando as pessoas se unem, levam para a convivência suas crenças, valores e mitos oriundos de sua família de origem, os quais encontram-se arraigados na sua forma de ver e conviver com o mundo. O casamento é, portanto, um processo de ajuste, pois são duas pessoas de mundos diferentes, num encontro singular, para, a partir dos valores e crenças que lhes foram passados, produzir seus próprios significados ou re-significar o que lhes foi passado.
É comum ouvir nos dias de hoje pessoas afirmando que se sentem casadas embora não sejam legalmente casadas. Há uma valorização do viver junto, independente da legalização. O que as pessoas chamam de sentir-se casadas é a vivência da conjugalidade, a experiência de “con-viver” ou, simplesmente, viver com alguém, compartilhando a experiência de uma vida a dois. Para Terezinha Féres-Carneiro (1998), pós-doutora em Psicoterapia de Família e Casal e autora contemporânea reconhecida por seus trabalhos sobre família, conjugalidade e casais, conjugalidade significa a construção de uma identidade conjugal comum ao casal, a partir das significações particulares de seus mundos individuais. A autora busca em Phillippe Caillé a lógica do casamento contemporâneo, como sendo um mais um é igual a três, na medida em que são dois indivíduos, duas interações com o mundo, duas histórias de vida e duas fontes de desejos que, ao viverem juntos, convivem com uma conjugalidade, um desejo conjunto, um projeto de vida conjunto para formarem uma história de vida conjugal. Conjugalidade pode ser definido como tudo que for vivenciado entre o casal, independente de estarem legalmente casados ou não.
Pensando a construção da conjugalidade, Anton (2000, p.193) afirma que “a experiência do Nós pode ser fascinante e enriquecedora, desde que não signifique perda de fronteiras ou sacrifício à individualidade, ou desde que ‘entrar em relação’ permita ‘guardar distância’, ou seja, respeitar e cultivar a individualidade.” Esse é o grande dilema da vivência conjugal: viver com o outro possibilitando espaço suficiente para viver sem o outro.
     Seja pela construção da conjugalidade ou pela vivência do casamento institucionalizado, as pessoas buscam através de suas uniões conjugais a possibilidade de construção de laços afetivos atrelada à idéia de construção de família.



Autora: Fernanda Baldi
Psicoterapeuta de Família e Casal



Fontes:

ANTON, Iara Camaratta. A escolha do cônjuge: um entendimento sistêmico e
psicodinâmico. Porto Alegre: Artmed, 2000.

CARTER, Betty; MCGOLDRICK, Monica. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, São Paulo, v.11, n. 2, p. 379-394, 1998.


domingo, 14 de agosto de 2011

Atitudes que favorecem o sucesso dos filhos


1. Fale sempre bem da escola para criar em seu filho uma expectativa positiva em relação aos estudos.
2. Abrace-o e deseje coisas boas a ele quando estiver de saída para a aula.
3. Na volta, procure saber como foi o dia dele, o que aprendeu e como se relacionou com todos.

4. Conheça o professor e converse com ele sobre a criança e o trabalho dela na escola.
5. Em caso de notas baixas, não espere ser chamado: vá à escola para saber o que está acontecendo.
6. Mantenha uma relação de respeito, carinho e consideração com todos os professores.
7. Resolva diretamente os problemas entre você, seu filho e o professor e só recorra a outros em último caso.
8. Crie o hábito de observar os materiais escolares e ajude nas lições de casa.
9. Quando seu filho estiver com problemas, compartilhe-os com a escola sem omitir fatos nem julgar atitudes.
10. Comente com amigos e parentes os êxitos escolares dele, por menores que sejam, para reforçar a auto-estima e a autoconfiança.

*adaptado da cartilha elaborada por Antonio Carlos Gomes da Costa e Odelis Basile para a EE Rodrigues Alves, em São Paulo
Psicoterapeuta Sistêmica: Daniela Morais Araújo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O SINTOMA SOB UM OLHAR SISTÊMICO



                                                                                                                              
Historicamente houve a busca em definir o conceito de doença mental, sendo muitas vezes, reduzido à doença cerebral ou a outros distúrbios orgânicos, o que rotulou e estigmatizou o doente mental por muito tempo, chegando, até, a segregações. A visão sistêmica sobre o adoecimento/sintoma é diferente, porque procura ver o “doente” de maneira global, inserido em sistemas e sub-sistemas, incluindo-o na família e na sociedade, afetando e sendo afetado por estas todo o tempo. O sintoma vem como uma metáfora para dizer que algo não esta indo bem naquele contexto, não apenas, com aquele individuo.

Nesta forma de abordar é importante destacar o jogo paradoxo e contraparadoxo, em que o comportamento do paciente designado é um pedido de socorro por uma mudança no sistema, ou seja, este membro familiar sintomático é como um “denunciador” de alguma disfunção no sistema familiar. Assim, este membro sintomático terá a função "nobre" de ser o depositário do mal estar desta família, podendo ser um denunciador de um segredo familiar, que não foi elaborado. Ele poderá funcionar como um dependente (financeiro, emocional, físico e outros) com muitas dificuldades de crescer e individualizar ou com sintomas mais sérios como uso de drogas, bebidas, ou chegando as mais graves psicopatologias como a psicose.

O paciente designado é rotulado como “doente” e é assim que será sua relação com a família, uma relação cristalizada, em que este passa a ser o chato da família e o único responsável pelo seu problema, desta forma, é muito comum, alguns membros familiares interferirem no tratamento que esta dando certo, como uma forma de sabotar, pois é como se toda a família estivesse dependendo da condição de doente deste membro para a sobrevivência deste sistema.
De acordo com Palazzoli (1988), é como se “aos poucos, os arcos individuais começassem a ligar-se numa única grande espiral cujo perfil ia surgindo: o processo interativo que dá origem à psicose” (p. 198), e com isso a intervenção, a partir de uma abordagem sistêmica, esta em modificar a forma de organização familiar, em que o terapeuta contribua para que a relação entre os membros seja circular e o foco da doença recaia sobre toda a família e não apenas sobre uma pessoa.

Existem várias causas que contribuem para a formação de um membro sintomático:
-  famílias com uma pobre comunicação;
- baixo nível de humanização em que não fazem trocas afetivas humanizadas (aqui percebe- se a dificuldade de aceitação de falhas, dificuldades e limites entre os membros);
- famílias com fronteiras muito rígidas;
- famílias aglutinada;
- famílias que tem membros especializados em comunicação de duplo vínculo ou, conhecida também, como comunicação enlouquecedora; e outras mais

 Como já colocado por Minuchin, para uma boa intervenção é preciso ver a mente como intra e extra cerebral, proporcionando um comprometimento familiar e social para levar à mudança em todo o sistema. Além disso, é preciso conhecer e valorizar cada membro na sua maneira de ser e agir na família e na sociedade, realçando as suas potencialidades e respeitando os seus limites.

Texto: Camila Ribeiro Lobato
          Psicoterapeuta Sistêmica

 Fontes:
- Curso de Pensamento e Prática Sistêmica      _ Jaqueline Cássia de Oliveira
-  Os jogos psicóticos na família       _ M Selvini Palazzoli
- Artigo:  Família e psicose: reflexões psicanalíticas e sistêmicas acerca das crises psíquicas graves;