quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Comentário sobre o Filme: A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros, filme recém-estreado repleto de conteúdos históricos e de vida. Um conteúdo em especial me chamou atenção: o das relações que se configuram ao longo da trama.
Liesiel, uma menina marcada pela opressão de uma época, inicia sua trajetória de vida com o luto pela morte do irmão. Uma experiência em que o vazio se configura em suas formas mais dolorosas, além disso, vive a ruptura de vínculo com sua mãe. Inicialmente a pequena garota vivencia duas perdas! Logo, a metáfora do livro aparece marcando o poder das ressignificações das relações humanas, um relacionar que transcende ao corpo físico e é o livro a marca familiar ao longo de sua história.
O livro configura o vínculo em sua vida, uma metáfora que diz da troca, do doar-se, da presença em suas diversas formas. Eles lhe proporcionam releituras a momentos de terror e confortam corações nas horas incertas.
Várias são as cenas em que esta jovem garota pega seu livro e amplia contextos que para muitos seriam impossíveis ressignifica-los.
Uma postura, uma possibilidade de ser operante e ativa mesmo em contingências aversivas.
Vínculos que ela constrói através da troca de histórias, tanto por meio das leituras quanto pelas pessoas as quais se relacionam.
Uma disponibilidade para aprender com o outro, sair de si. Podemos pensar que naquele momento estar só não lhe ajudaria a avançar, e ficaria fadada a dor do abandono.
O filme nos mostra que Liesiel não esquece sua dor, mais segue em frente traçando o caminho que lhe é possível. Sem desconsiderar os aprendizados que a vida lhe proporcionou, vai além, sendo autora de sua própria história.

Nádila Walter da Silva
CRP 04/33720