Com certeza você já
ouviu falar em dependência. E existem várias: dependência química, alcoólica,
financeira, física e emocional são alguns exemplos. E em co-dependência? É um
termo novo para você? Pois saiba que é muito comum nos dias de hoje
encontrarmos pessoas que são co-dependentes e não sabem que são!
Sabemos das
dificuldades enfrentadas em cada situação de dependência e de como tais
problemas afetam a dinâmica familiar. É justamente na família que, na maioria
das vezes, surge o papel do co-dependente. Aquela pessoa que é muito preocupada
e se mobiliza exageradamente, movendo todas as suas forças para ajudar o
dependente. Faz de tudo para ajudar, muitas vezes faz até o que nunca fez por
si própria. Fala mais sim do que não por temer ferir os sentimentos
alheios.
Num primeiro momento,
esse comportamento não aparenta ter nenhuma anormalidade. Mas é justamente a
frequência com que essa ajuda acontece que se torna patológico, na medida em
que a pessoa que se relaciona com o dependente tende a se achar o “salvador”, investindo
todas as suas energias em prol do dependente, na expectativa que poderá tira-lo
desse lugar.
O co-dependente tende a
controlar o outro, com suas ajudas generosas, acaba por tomar atitudes muitas
vezes intrusivas. Aparentemente o co-dependente demonstra que seu objetivo é
apenas ajudar, mas é como se ele acabasse por se viciar na dependência do
outro.
Acabam viciados na vida
alheia e perdem a capacidade de cuidar da própria vida, pois viram experts em dar: dar amor, atenção,
carinho, ajuda, orientação. Porém a ilusão de se sentir expert no assunto de ajudar o próximo, leva à dificuldade de
encarar a realidade dos fatos, onde ambos, dependente e co-dependente,
necessitam de cuidados. Uma vez que o que está em jogo não é a patologia e sim
a relação que sustenta esses dois lugares. Ou seja, a co-dependência acontece
quando as pessoas que se relacionam com o dependente acabam reforçando sua
condição, na tentativa de ajuda-lo, reforçam a relação entre quem depende e quem
cuida, não permitindo a emancipação de ambas as partes.
Como consequência dessa
busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo
o domínio sobre seu próprio comportamento. Dessa forma, o co-dependente é
também um dependente, não necessariamente da dependência do seu ente protegido,
mas uma dependência emocional. Na verdade há uma troca de lugar, pois é
justamente a dependência do próximo que dará sentido à sua vida como salvador
da situação.
Em geral, a pessoa co-dependente,
apresenta baixa autoestima e tem origem em famílias disfuncionais, que são
famílias onde há muitos conflitos, em um grau elevado, e comumente os problemas
estão relacionados com violência doméstica, abuso de álcool e drogas, doenças
mentais e outros tipos de conflitos, contexto esse que favorece o aparecimento
da fragilidade emocional. Deslocam para o outro, o foco que deveriam dar para
si mesmo. E depois se cobram e sentem-se desvalorizado, ao perceber que não
teve sucesso nas tentativas de cuidado e/ou ajuda.
É importante dizer que
manifestações de apoio, compreensão e ajuda são muito úteis e importantes para
o funcionamento da família, estes, só se tornam problemáticos quando causam
grande sofrimento aos envolvidos e não ajudam a resolver o comportamento
patológico do dependente.
E como sair dessa
situação?
O primeiro passo é
fazer uma autoanálise e responder se você está cuidando bem de você mesmo ou se
está ocupando-se mais da vida do outro do que da sua. Ao fazer essa viagem
interior, questione-se se à sua volta existem pessoas dependentes e como é o
seu relacionamento com elas. Em caso afirmativo para sua reflexão, busque
ajuda, procure uma psicoterapia para responsabilizar-se. Segundo a autora
Melody Beattie, em seu livro Co-dependência nunca mais: “A sua codependência se
torna o seu problema e resolver os seus problemas é a sua responsabilidade.”
Fernanda Baldi
Psicóloga do NASS
Nenhum comentário:
Postar um comentário