terça-feira, 22 de outubro de 2013

Co-dependência... O que é isso?




Com certeza você já ouviu falar em dependência. E existem várias: dependência química, alcoólica, financeira, física e emocional são alguns exemplos. E em co-dependência? É um termo novo para você? Pois saiba que é muito comum nos dias de hoje encontrarmos pessoas que são co-dependentes e não sabem que são!

Sabemos das dificuldades enfrentadas em cada situação de dependência e de como tais problemas afetam a dinâmica familiar. É justamente na família que, na maioria das vezes, surge o papel do co-dependente. Aquela pessoa que é muito preocupada e se mobiliza exageradamente, movendo todas as suas forças para ajudar o dependente. Faz de tudo para ajudar, muitas vezes faz até o que nunca fez por si própria. Fala mais sim do que não por temer ferir os sentimentos alheios.

Num primeiro momento, esse comportamento não aparenta ter nenhuma anormalidade. Mas é justamente a frequência com que essa ajuda acontece que se torna patológico, na medida em que a pessoa que se relaciona com o dependente tende a se achar o “salvador”, investindo todas as suas energias em prol do dependente, na expectativa que poderá tira-lo desse lugar.

O co-dependente tende a controlar o outro, com suas ajudas generosas, acaba por tomar atitudes muitas vezes intrusivas. Aparentemente o co-dependente demonstra que seu objetivo é apenas ajudar, mas é como se ele acabasse por se viciar na dependência do outro. 

Acabam viciados na vida alheia e perdem a capacidade de cuidar da própria vida, pois viram experts em dar: dar amor, atenção, carinho, ajuda, orientação. Porém a ilusão de se sentir expert no assunto de ajudar o próximo, leva à dificuldade de encarar a realidade dos fatos, onde ambos, dependente e co-dependente, necessitam de cuidados. Uma vez que o que está em jogo não é a patologia e sim a relação que sustenta esses dois lugares. Ou seja, a co-dependência acontece quando as pessoas que se relacionam com o dependente acabam reforçando sua condição, na tentativa de ajuda-lo, reforçam a relação entre quem depende e quem cuida, não permitindo a emancipação de ambas as partes. 

Como consequência dessa busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo o domínio sobre seu próprio comportamento. Dessa forma, o co-dependente é também um dependente, não necessariamente da dependência do seu ente protegido, mas uma dependência emocional. Na verdade há uma troca de lugar, pois é justamente a dependência do próximo que dará sentido à sua vida como salvador da situação. 

Em geral, a pessoa co-dependente, apresenta baixa autoestima e tem origem em famílias disfuncionais, que são famílias onde há muitos conflitos, em um grau elevado, e comumente os problemas estão relacionados com violência doméstica, abuso de álcool e drogas, doenças mentais e outros tipos de conflitos, contexto esse que favorece o aparecimento da fragilidade emocional. Deslocam para o outro, o foco que deveriam dar para si mesmo. E depois se cobram e sentem-se desvalorizado, ao perceber que não teve sucesso nas tentativas de cuidado e/ou ajuda.

É importante dizer que manifestações de apoio, compreensão e ajuda são muito úteis e importantes para o funcionamento da família, estes, só se tornam problemáticos quando causam grande sofrimento aos envolvidos e não ajudam a resolver o comportamento patológico do dependente.

E como sair dessa situação?

O primeiro passo é fazer uma autoanálise e responder se você está cuidando bem de você mesmo ou se está ocupando-se mais da vida do outro do que da sua. Ao fazer essa viagem interior, questione-se se à sua volta existem pessoas dependentes e como é o seu relacionamento com elas. Em caso afirmativo para sua reflexão, busque ajuda, procure uma psicoterapia para responsabilizar-se. Segundo a autora Melody Beattie, em seu livro Co-dependência nunca mais: “A sua codependência se torna o seu problema e resolver os seus problemas é a sua responsabilidade.”


Fernanda Baldi
Psicóloga do NASS

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