quinta-feira, 20 de março de 2014

Comentário sobre o filme Álbum de Família, do original August: Osage County

“Onde falta o amor, o poder preenche o vazio”
Vera Schiller de Kohn





Em dezembro de 2013, foi lançado o filme Álbum de Família, adaptação ao cinema da peça homônima do escritor Tracy Letts. A trama inicia-se a partir do suposto sumiço do patriarca, com a contratação prévia de uma nativa indígena para se encarregar dos serviços domiciliares e a frase de T. S. Eliot, do poema Os homens ocos, “A vida é muito longa” sendo declarada e reafirmada que o poeta não foi o primeiro a dizer ou a pensar isso, mas está certíssimo.

A família se vê obrigada a reencontrar e dali surgem cenas que passam da mais completa crueldade à total vulnerabilidade que uma pessoa possa estar. Das relações mãe e filha, dos segredos existentes e de uma fachada de dureza e superioridade retratados, resta-nos refletir de como as famílias podem se configurar em um terreno árido de poder e destruição quando o que mais buscam é o afeto e a possibilidade de um amparo diante das incertezas e da complexidade do nosso mundo. Leva-nos também a pensar que quando não fazemos um contato real com a nossa história, a qual inicia com as pessoas que nos deram o nome, corremos um grave risco à repetição de padrões, com a manutenção de atitudes e comportamentos que não retratam verdadeiramente a escolha particular que se quer dar à própria vida. 

Com toda a dramaticidade retratada, Álbum de Família nos oferece a oportunidade de identificarmos e nos separarmos da nossa própria família em algum grau, movimento este tão necessário para uma construção de uma história própria. 

Por Janine Araujo

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