domingo, 26 de janeiro de 2014

Ingredientes da Comunicação

O que eu estou sentindo? O que eu sinto por esta pessoa? O que eu senti diante deste acontecimento? O que eu sinto é o que eu quero?Você já se fez essas perguntas? Como é difícil falar do que sentimos. Sentir relaciona-se aos sentimentos, aquilo que faz sentido pra mim, que só o meu coração sabe responder. É profundo e diferente do pensamento. De acordo com Martha Medeiros “sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado para fora. Sentir alimenta, sentir ensina, aquieta. Fazer é muito barulhento. Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado...”. E como falar de sentimentos nas relações amorosas? Temos dificuldades de nomear o que sentimos pra gente mesmo e para o outro ainda mais: o que eu sinto é amor ou vontade de controlar? Eu amo ou não quero perder? Amor ou medo? Como eu comunico para o outro o que eu sinto? Mas, também, é tudo que devo comunicar? O que eu sinto esta me fazendo bem ou mal? O antropólogo Bateson que foi um grande pesquisador sobre a comunicação humana, falava que todas as mensagens possuem um nível de objeto e um nível de relação. Exemplo: a esposa pede para o marido levar ela ao aeroporto as 04:00 da manhã. O nível do objeto é o marido ir ao aeroporto as 04:00 da manhã e assim( falo de possibilidade, não certeza) a resposta do marido seria não( não é fácil acordar as 04:00 da manhã para ir ao aeroporto), pois, também, existem vários outros meios dela ir. Mas ao nível das relações, possivelmente, ele diria sim por não querer magoar a esposa, sendo ela uma pessoa importante para ele. Mas ele diz um sim nem um pouco prazeroso e isso é captado pela esposa que diz que aceitaria só se fosse com prazer; o desfecho disso? Uma discussão daquelas, mesmo porque é difícil acordar de madrugada para ir ao aeroporto com prazer, não é verdade? Talvez a esposa entendesse que por isso ele não a ama, mas será isso? Outro exemplo é quando queremos que nosso parceiro escolha entre uma churrascaria e uma pizzaria e quando ele escolhe uma ou a outra brigamos pela opção que ele não escolheu. Isso tudo são maneiras de infernizar nossos relacionamentos. Fazemos, às vezes, sem perceber. Ao contrário, damos oportunidade para negociar? Qual é o meu desejo? Qual é o desejo dele? Talvez traçamos caminhos difíceis, mas mais difícil ainda seria lidar com a realidade dos nossos sentimentos e depois saber comunicar e como comunicar isso aos nossos parceiros e nos abrir para uma conversa. Sim é difícil, mas é uma construção e a possibilidade de cada um ser aceito pelo o que é. Mas para isso, primeiro eu preciso saber de mim, do que eu sinto, depois saber o que falar para o outro daquilo que sinto e, ainda, escutar o que este outro tem para falar dele e de seus sentimentos. E quando isso não acontece? O grande risco é um criar expectativas demais sobre o outro, uma imagem do parceiro que não é real e querer que esse se encaixe nesses moldes criados, formando assim uma relação de controle ( para ser coerente com aquilo que imagino), mentiras (porque o outro tenta escapar disso a todo o momento, pois sufoca), sem espontaneidade, leveza, sem trocas e aprendizados. Assim, a possibilidade para iniciar a construção de uma comunicação saudável é primeiro saber sobre nós mesmos, daquilo que faz sentido para nós, depois saber o que disso comunicar e, ainda, escutar o ponto de vista deste outro. Somos seres diferentes, precisamos saber disso. Talvez sabendo disso estaremos prontos para construir uma relação de amor e paz com o outro. Texto: Camila Lobato - Psicoterapeuta do NASS

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