Autora: Solange Maria Rosset
Ter irmãos sempre foi uma realidade banal que não
se discutia. Hoje, ter filhos, ter só um filho ou vários é uma escolha.
Então, a questão da importância ou não de ter irmãos passou a ser
avaliada, discutida e trabalhada para colher bons frutos dessa relação.
O grupo de irmãos – mesmo que só de dois – é o
primeiro laboratório social da criança. É o espaço onde se aprende e se
treina de forma protegida a negociar, cooperar e competir. Esse treino
é muito importante para a vida adulta e engloba descobrir formas
“positivas” e “negativas” de lidar com essas questões e com os
sentimentos ligados à elas. O espaço familiar e entre os irmãos é o
local afetivo e seguro para descobrir habilidades e características
pessoais e desenvolver estratégias.
Os irmãos que conseguem realizar esta experiência
de forma permissiva e segura podem crescer e se tornar adultos
usufruindo do lado bom de ter irmãos e colocando os limites necessários
para terem autonomia e privacidade.
Irmãos adultos funcionais sabem que podem contar
um com o outro. Se um precisar de cuidados, de carinho, de presença, de
um afago, de um ouvido amigo o outro dará. Se um precisar de limite,
de orientação, de aprendizagem, aceitará que o outro lhe dê. As
verdades podem ser ditas, o amor pode ser expresso mas também podem
calar e respeitar.
Por outro lado, uma relação fraternal saudável tem
distância. Dará espaço para as relação amorosas e conjugais pessoais.
Dará espaço para a privacidade, para os segredos, erros e decisões
pessoais.
Se eles treinarem a ter proximidade e
distanciamento, afeto e brigas, invasão e respeito, competição,
rejeição, perdão, e todas as outras possibilidades de emoções e
relações terão aprendido a manterem uma relação afetiva e autônoma como
adultos, entre eles e nas suas outras relações.
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