quinta-feira, 8 de março de 2012

No dia Internacional da Mulher, uma bela reflexão...

DESCOMPLICAR

Leila Ferreira


Se eu tivesse que escolher uma palavra – apenas uma – para ser item obrigatório no vocabulário da mulher de hoje, essa palavra seria um verbo de quatro sílabas: DESCOMPLICAR. Depois de infinitas (e imensas) conquistas, acho que está passando da hora de aprendermos a viver com mais leveza: exigir menos dos outros e de nós próprios, cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa, olhar menos para o espelho. Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos a tão falada qualidade de vida que queremos e merecemos ter. Mas há outras palavras que não podem faltar no kit existencial da mulher moderna. AMIZADE, por exemplo. Acostumadas a concentrar nossos sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas, acabamos deixando as amigas para segundo plano. E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para uma mulher quanto a convivência com as amigas. Ir ao cinema com elas (que gostam dos mesmos filmes que a gente), sair sem ter hora para voltar e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes... Deixe o marido ou namorado em casa, prometa-se que não vai ligar para ele nem uma vez (desligue o celular, se for preciso) e desfrute os prazeres que só uma boa amizade consegue proporcionar.

E já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário duas palavras que têm estado ausentes do cotidiano feminino: PAUSA E SILÊNCIO. Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos, três vezes por semana, duas vezes por mês ou uma vez por dia – não importa – e a ficar em silêncio. Essas pausas silenciosas nos permitem refletir, contar até cem antes de uma decisão importante, entender melhor os próprios sentimentos, reencontrar a serenidade e o equilíbrio.

Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo RIR. Não há creme anti-idade nem botox que salve a expressão de uma mulher mal-humorada. Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas do nosso dia-a-dia. Se for preciso, pegue uma comédia na locadora, preste atenção na conversa de duas crianças, marque um encontro com aquela amiga engraçada – faça qualquer coisa – mas ria. O riso nos salva de nós mesmas, cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida. Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que, essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia: GENTILEZA. Ter classe não é usar roupas de grife: é ser delicada. Saber comportar é infinitamente mais importante do que saber se vestir. Resgate aquele velho exercício que anda esquecido: aprenda a se colocar no lugar do outro e trate-o como você gostaria de ser tratada, seja no trânsito, na fila do banco, na empresa onde trabalha, em casa.
E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser indissociáveis da vida: SONHAR e RECOMEÇAR. Sonhe com aquele fim de semana na praia, o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia, (quem sabe),sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for preciso: seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares. A vida nos dá um espaço de manobra: use-o para reinventar a si mesma.

E, por último, risque do seu Aurélio a palavra PERFEIÇÃO. O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades, inseguranças, limites. Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita, a dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo, a esposa nota mil. Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar ter coxas sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam, bumbum que encara qualquer biquíni. Mulheres reais são mulheres imperfeitas. E mulheres que se aceitam como imperfeitas são mulheres livres. Viver não é (e nunca foi) fácil, mas quando se elimina o excesso de peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa toneladas), a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.  

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