quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O SINTOMA SOB UM OLHAR SISTÊMICO



                                                                                                                              
Historicamente houve a busca em definir o conceito de doença mental, sendo muitas vezes, reduzido à doença cerebral ou a outros distúrbios orgânicos, o que rotulou e estigmatizou o doente mental por muito tempo, chegando, até, a segregações. A visão sistêmica sobre o adoecimento/sintoma é diferente, porque procura ver o “doente” de maneira global, inserido em sistemas e sub-sistemas, incluindo-o na família e na sociedade, afetando e sendo afetado por estas todo o tempo. O sintoma vem como uma metáfora para dizer que algo não esta indo bem naquele contexto, não apenas, com aquele individuo.

Nesta forma de abordar é importante destacar o jogo paradoxo e contraparadoxo, em que o comportamento do paciente designado é um pedido de socorro por uma mudança no sistema, ou seja, este membro familiar sintomático é como um “denunciador” de alguma disfunção no sistema familiar. Assim, este membro sintomático terá a função "nobre" de ser o depositário do mal estar desta família, podendo ser um denunciador de um segredo familiar, que não foi elaborado. Ele poderá funcionar como um dependente (financeiro, emocional, físico e outros) com muitas dificuldades de crescer e individualizar ou com sintomas mais sérios como uso de drogas, bebidas, ou chegando as mais graves psicopatologias como a psicose.

O paciente designado é rotulado como “doente” e é assim que será sua relação com a família, uma relação cristalizada, em que este passa a ser o chato da família e o único responsável pelo seu problema, desta forma, é muito comum, alguns membros familiares interferirem no tratamento que esta dando certo, como uma forma de sabotar, pois é como se toda a família estivesse dependendo da condição de doente deste membro para a sobrevivência deste sistema.
De acordo com Palazzoli (1988), é como se “aos poucos, os arcos individuais começassem a ligar-se numa única grande espiral cujo perfil ia surgindo: o processo interativo que dá origem à psicose” (p. 198), e com isso a intervenção, a partir de uma abordagem sistêmica, esta em modificar a forma de organização familiar, em que o terapeuta contribua para que a relação entre os membros seja circular e o foco da doença recaia sobre toda a família e não apenas sobre uma pessoa.

Existem várias causas que contribuem para a formação de um membro sintomático:
-  famílias com uma pobre comunicação;
- baixo nível de humanização em que não fazem trocas afetivas humanizadas (aqui percebe- se a dificuldade de aceitação de falhas, dificuldades e limites entre os membros);
- famílias com fronteiras muito rígidas;
- famílias aglutinada;
- famílias que tem membros especializados em comunicação de duplo vínculo ou, conhecida também, como comunicação enlouquecedora; e outras mais

 Como já colocado por Minuchin, para uma boa intervenção é preciso ver a mente como intra e extra cerebral, proporcionando um comprometimento familiar e social para levar à mudança em todo o sistema. Além disso, é preciso conhecer e valorizar cada membro na sua maneira de ser e agir na família e na sociedade, realçando as suas potencialidades e respeitando os seus limites.

Texto: Camila Ribeiro Lobato
          Psicoterapeuta Sistêmica

 Fontes:
- Curso de Pensamento e Prática Sistêmica      _ Jaqueline Cássia de Oliveira
-  Os jogos psicóticos na família       _ M Selvini Palazzoli
- Artigo:  Família e psicose: reflexões psicanalíticas e sistêmicas acerca das crises psíquicas graves; 

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